sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Queremos decisões realmente tomadas pela base!

Em BH, o Sindicato dos Bancários conduziu a greve da forma como lhe convém: conduzindo a mobilização de forma antidemocrática, isolando o movimento dos bancários, realizando assembleias repetitivas e com o conteúdo que lhes interessava, o que desestimulou muita gente a continuar participando diariamente. Se é assim há tantos anos, isso ajuda a explicar porque a greve de pijama só vem aumentando. O que explica uma mobilização forte como a nossa, com tão pouca participação nos atos? Será que a culpa é mesmo dos bancários, como o sindicato tentou fazer parecer? Um dos motivos não será o desgaste e a falta de esperança em relação à forma como o processo da greve vêm sendo conduzido, ano após ano?
Enquanto diziam que “assembleia não é lugar de política”, os diretores passaram, justamente, duas semanas falando mal da Oposição, fazendo sua política e se vangloriando de ter ganhado as últimas eleições sindicais. Por que não trazer mais detalhes sobre as negociações? Por que não explicar melhor os itens que estavam na pauta de negociação, trazer dados, mostrar em números a força da greve? Por que não trazer notícias e informações da luta bancária em outras regiões? Por que não aceitar e convidar à unidade outros movimentos que queiram apoiar nossa luta? Por que manter nossa greve isolada, de outros movimentos e dos colegas de outras regiões do País?
Nós, da Oposição Bancária de BH, temos o orgulho de ter participado das assembleias com posicionamento, visão crítica e, sobretudo, com propostas para fazer nossa greve avançar. Trouxemos informações sobre iniciativas de outros sindicatos espalhados pelo País, ajudamos a lançar o boletim Olhar da base, para expressar a opinião dos bancários da base e estimular a luta de todos. Quando colocamos críticas, foram sempre políticas e no sentido de melhorar nossas assembleias. Em nenhum momento desrespeitamos nenhum diretor, citamos nomes, os acusamos de serem ligados a partidos (como a maioria é), ou entramos em “baixaria”, como eles fizeram.
Nas assembleias finais (separadas, sem passar por decisão da assembleia), os diretores sindicais se superaram em ofensas infundadas e irresponsáveis. Na da CEF, o “presidente” Cardoso chamou, com todas as palavras, os jovens bancários de ignorantes. Na do BB, que começou bastante atrasada, o petista Fernando Neiva chamou de “fura-greve” um membro da oposição que, na greve de 2010, estava afastado do trabalho por motivos de saúde. O bancário, que já tinha inclusive dito isso em assembleia, foi ao microfone se defender, emocionado. Mesmo assim, Neiva não voltou atrás. Disse publicamente que não iria pedir desculpas e repetiu a ofensa.
Propostas para avançar:

Explicamos abaixo alguns pontos fundamentais que a Oposição de BH defendeu nessa greve e que vamos continuar defendendo nos próximos anos, pois só farão crescer e dar visibilidade à nossa luta.
  • Que TODAS as decisões passem por assembleias: a greve é dos bancários, e não do sindicato, e temos o direito de decidir sobre as questões fundamentais da nossa luta. Nós da oposição exigimos isso, e mesmo assim o sindicato passou por cima no final. A última assembleia foi dividida sem que isso fosse decidido pela base. Na penúltima, o diretor Neiva sequer deixou um bancário pegar o microfone para defender um horário diferente (mais cedo, de forma a tentar reduzir a presença dos gerentes e garantir maior presença dos grevistas, pois muitos estudam à noite e possuem família). Em muitos momentos, as propostas da Oposição, por mais simples que fossem, eram ignoradas. As falas dos diretores dominam praticamente toda a assembleia e, na última semana, o domínio aumentou: o número de falas da base foi reduzido para 3, mas não diminuíram nem marcaram o tempo das falas dos diretores sindicais. Número de falas dos diretores controlado, para que mais gente da base possa falar. Todas as questões têm que passar por assembleia, com tempo para as posições diferentes se manifestarem! Respeito àqueles que possuem opiniões diferentes das da corrente que dirige o Sindicato! Bancário não quer ouvir briga e baixaria, mas sim debate consistente e inteligente!
  • Unidade com outros movimentos: durante a greve, achamos positivo unificar nossa luta com as de outras categorias para dar visibilidade ao nosso movimento e pressionar a mídia, os bancos e o governo. Este ano, duas categorias nacionais, de peso, realizavam uma greve forte, ao mesmo tempo: bancários e trabalhadores dos Correios. Em BH, a nossa  proposta de ato conjunto com os ecetistas, aprovada em assembléia, acabou não ocorrendo porque dois diretores não estavam presentes (e outros XX diretores?). Também foi marcado um horário com os bancários e outro com os Correios, que ficaram nos esperando. Na prática, o ato conjunto não aconteceu.
  • Unidade nacional entre todos os bancários. A unidade não precisa ser só no Comando Nacional, mas também na luta e deve se expressar concretamente. É importante articular para realizar caravanas e marchas de todos os bancários do País, em Brasília (BB e CEF) ou em São Paulo, onde as negociações ocorrem, para mostrar aos banqueiros e à mídia nosso poder conjunto de mobilização. Manifestações e marchas são comuns entre os servidores e qualquer categoria nacional, e só nos dão força e ânimo para continuar! Temos uma central nacional (a Contraf) que deve servir para isso também, e não apenas para negociar.
  •  Durante a greve, criar espaços de formação sindical para delegados sindicais e todos os grevistas. Atualmente, o Sindicato não realiza um trabalho com o conjunto dos delegados sindicais, de maneira a formá-los e a prepará-los para discutir com os colegas, a compreender melhor a luta por nossos direitos. O período da greve seria um bom espaço para isso, com realização de palestras e outras atividades, abertas também à toda a categoria.
  • Buscar apoio e aceitar a solidariedade de outros movimentos! Quanto mais apoio, melhor, pois significa mais entidades, mais pessoas conhecendo e divulgando a nossa causa. Nós enfrentamos, diariamente, e todo ano, o setor mais poderoso do País, os banqueiros! O Sindicato de BH, que faz parte da maior central sindical do País, a CUT, não convidou nenhum movimento a expressar seu apoio nas nossas assembleias, o que achamos um erro. Sobre isso, a greve dos professores estaduais foi um exemplo, eram convidados todos os setores, pois tamanha solidariedade dava ainda mais força diante dos ataques da mídia e do governo. E isso precisa ser assim em todas as greves, que é o momento de maior embate com aqueles que têm poder. O que determina nossa força é sempre a união e o apoio mútuo.
Sobre esse último ponto, esclarecemos que, pelos motivos acima, nós da oposição convidamos membros da CSP-Conlutas (uma central sindical e popular) e uma militante do PSTU para falar no ato que seria conjunto com os Correios. Esse fato foi usado pelo Sindicato para nos atacar e colocar em votação que, nas nossas assembleias, só falassem bancários, impedindo outras manifestações de apoio. Uma alternativa seria, talvez, limitar o número de convidados, mas não impedir, o que foi um retrocesso para o apoio à nossa luta.
Contamos com o apoio dos que acreditam nessas posições. E acreditamos, sinceramente, que se os bancários da base não tomarem essa luta em suas mãos, nos próximos anos, mais uma vez teremos acordos rebaixados e muitos bancários desanimando, indo cada vez mais para o lado que os bancos querem: o do individualismo, da descrença, do conformismo.
Fica nosso agradecimento a todos aqueles que apoiaram e ajudaram a construir a Oposição em BH. Certamente saímos fortalecidos dessa luta e em nossas convicções. Esperamos a ajuda de todos na divulgação de nossas opiniões e informações daqui para frente!

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