domingo, 28 de abril de 2013

Um “boletim pessoal” com tons de ameaça pessoal


Na última quinta-feira, 25 de Abril, todos os funcionários do Banco do Brasil receberam boletim pessoal da Diretoria de Relações com Funcionários e Entidades Patrocinadas. O boletim, com o título "Paralisação", visa mais uma vez promover o Plano de Funções enquanto medida estratégica da empresa, sem qualquer possibilidade de diálogo com a categoria, por se tratar de medida que afeta apenas ao "poder diretivo".


Em tons otimistas entremeadas à várias ameaças, o banco não se constrange em dizer que o plano não traz qualquer prejuízo ao corpo funcional. Uma realidade que não existe, já que o simples fato de obrigar parte da categoria a fazer uma escolha às pressas e sem volta já é por si só prejuízo, sem falar da redução salarial.

Trata-se de mais uma medida da direção do Banco em busca da legitimação da precarização das relações de trabalho que avança a passos largos. A categoria se mobiliza para uma paralisação no próximo dia 30, sendo que as assembleias para decisão sobre a mesma estavam marcadas para o próprio dia 25.  Além de fazer a propaganda a favor do Plano, o texto ameaça claramente que "as ausências decorrentes da referida paralisação serão tratadas como falta não abonada e não autorizada". Ao mesmo tempo reconhece a greve enquanto direito constitucional do trabalhador. Ou seja, é uma ameaça inclusive contraditória. A lei nº 7.783, de 28 de Junho de 1989, é bem clara ao falar sobre o direito de greve, desde que decidida em instância legítima de representação da categoria e notificada a patronal com 48 horas de antecedência. Pois bem, e foi justamente o que foi decido pela assembleia realizada na última quinta. A mesma lei ainda diz no parágrafo segundo que é vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento.

O fato é que o banco não reconhece o dia 30 como greve para assim tentar desmobilizar o movimento e já enfraquecer a greve em setembro que está por vir. Para isso ele toma medidas que chegam a ponto do ridículo com tal boletim. O objetivo é muito claro: intimidar e manipular. Cabe a nós não deixar que isso aconteça.

O texto ainda cita que "já é hora de virar a página e seguir adiante, canalizando suas energias para os novos e verdadeiros desafios que se apresentam". Quais seriam estes desafios? Sobreviver à um ritmo de trabalho alucinante que adoece o trabalhador, sofrendo pressão diária para cumprimento de metas que só irá enriquecer um grupo de acionistas? Sobreviver com a crescente demanda de um banco que cresce em número de agências e clientes, mas fica estagnado no corpo profissional? É este o desafio com requintes de crueldade que o Banco quer. Mas e nós bancários, é isso o que realmente queremos?

Acreditamos que não, e é por isso que se torna ainda mais necessário construir um movimento forte de greve, não só semana que vem, mas por todo este ano. A única parte do texto possível de se aproveitar é quando ele diz, não deixem que decidam por você. Não podemos mesmo deixar que o banco tome uma decisão e nos faça engolir a seco sem ao menos lutar.  Precisamos mostrar que não é no medo e na manipulação que seremos vencidos. Um dia de trabalho cortado, vale todos os direitos pelos quais estão tentando nos retirar. É realmente importante que todos participem, principalmente aqueles que pensam em fazer carreira no banco. O plano afeta toda a categoria. E é por isso que como ponto de partida, convocamos a todas a paralisarem as atividades no Banco do Brasil no próximo dia 30, por entender que este é um importante momento de resistir à mais um ataque contra nossa categoria.

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