sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Carta de bancário sobre a assembléia deste dia 14/10 em BH

 

Greve dos Bancários (BH): o aparato da CUT



Vou começar esse texto com informação mais importante da assembleia dos bancários hoje em Belo Horizonte: foi decidida a continuidade da greve depois da "oferta" de 8,4% da parte da Fenaban.

Uma nova assembleia foi marcada pelo trator Fernando Neiva para o "horário livre" às 18h, com possibilidade de ocorrer depois desse período.

Novo "ato" do sindicato foi marcado para ocorrer às 16h em frente à Caixa da Rua Carijós, esquina com a Rua Espírito Santo.

Mais informações sobre a assembleia:
A direção sindical apresentou os informes da greve na Caixa e no Banco do Brasil e logo em seguida abriu-se a participação no microfone. Como foi definido em assembleia anterior pelo trator Fernando Neiva, somente 3 bancários poderiam falar ao microfone.
A primeira colega a falar foi Lívia Furtado. Demonstrando muito conhecimento sobre as reivindicações dos bancários, Lívia relembrou o que está em jogo nesta campanha: reajuste de 12,8%, valorização do piso - tendo como referência o calculado pelo DIEESE (R$ 2.297,00) - face aos atuais R$ 1.600,00, além de outros benefícios. Por fim, Lívia Furtado enfatizou que nessa campanha os negociadores dos trabalhadores não devem aceitar o corte de ponto dos grevistas, nem a reposição dos dias de greve.

A lei de greve estabelece que o ponto dos grevistas não pode ser cortado e não fala sobre reposição de dias de greve. Desse modo, os bancários não podem aceitar um punição como essa, pois se trata disso mesmo: punição. Ao final da greve, os trabalhadores que manifestaram oposição aos índices propostos pelos patrões não podem ser punidos pela greve que realizaram, visto que os índices e benefícios conquistados são compartilhados com toda a categoria, sem exceção.

A segunda participação foi minha. Eu, José Cristian Pimenta, funcionário do Banco do Brasil, comuniquei ao microfone o debate realizado no programa "Entre Aspas", da Globo News, em a apresentadora Mônica Waldvogel discutiu sobre greves e terceirizações com o professor José Pastore (USP) e Clemente Ganz Lúcio (DIEESE).

No programa foi relatado que como o setor bancário possui a menor carga tributária e oferece os maiores ganhos entre todos os setores da economia, nada mais justo do que um reajuste maior para os bancários. Afinal, os lucros dos bancos permitem um reajuste aos seus trabalhadores do que de outras categorias de setores diferentes. enfatizei que estamos em greve por um reajuste de 12,8%, muito pouco diante dos lucros obtidos pelos bancos.

Outro ponto que abordei foi a declaração de Eduardo Araújo, diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília, que afirma: "Precisamos desconstruir esse discurso de que aumento real gera inflação. Isso não é verdade. É uma falácia dos bancos que vem sendo propagada pela imprensa, pelo Banco Central e por integrantes do Governo Federal."

"Salários decentes não causam inflação. Pelo contrário, precisamos de aumento real de salários porque esse é um dos instrumentos para fazer distribuição justa de renda, capaz de movimentar a economia do país", conforme Eduardo Araújo.

Bem, o que veio depois disso, das duas falas conscientes de dois trabalhadores bancários, foi o acionamento do aparato da direção sindical. As 3 inscrições aumentaram para conter um número suficiente de representantes do sindicato. Na primeira fala, o fantasma da greve de pijamas foi ressaltado. Depois, o trator alertou os bancários contra a "radicalização" de alguns colegas. O chamado "pensamento único cutista" veio à tona. Outro fantasma foi citado, o do dissídio no TST. Ou seja, o "pensamento único cutista" foi despejado na assembleia para controlar os "radicais" que somente apresentaram os temas propostos na Campanha Salarial 2011 dos Bancários.

Foi assim: a toque de caixa, Fernando Neiva, dirigente do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, votou e decidiu que na segunda-feira, às 16 horas, haverá um ato em frente à Caixa e em "horário livre" - entre 18h e Deus sabe quando - uma assembleia na sede do sindicato, localizado na Rua dos Tamoios, 611, entre a Curitiba e a Paraná.

Esse é o Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região e nem temos ainda uma proposta decente por parte dos bancos, apenas 8,4% e muitas ameaças.

Colega, participe das assembleias e decida o seu futuro antes que o trator o faça por você.



José Cristian Pimenta - BB

2 comentários :

  1. Apesar de o texto apresentar, de um ponto de vista, uma derrota em votação, é importante salientar que nós, bancários da oposição, temos obtido grandes vitórias nas assembleias em Belo Horizonte.

    E essas nossa vitórias trazem transparência à greve, ao movimento grevista.

    Essas vitórias têm feito os dirigentes se adaptarem às nossas abordagens.

    De maneira ditatorial os dirigentes sindicais instigaram os bancários a aprovarem a redução de falas ao microfone para 5 e, posteriormente, para 3.

    Como não estamos fazendo nada de errado, apenas comunicando os bancários sobre outras campanhas vencedoras (BANPARÁ e BRB) e relembrando o que nos move nesta campanha, estamos sendo chamados de "radicais".

    Radical significa algo da raiz, inerente, inseparável, completo. Queremos apenas o que foi proposto na raiz de nossas reivindicações. O documento está em todos os sites de sindicatos, da CUT, da CONTEC, do CONLUTAS, da INTERSINDICAL.

    Apoiamos e participamos da greve dos bancários pois temos o direito de ouvir e de sermos ouvidos.
    Decisão não é um privilégio dos dirigentes sindicais, é um direito de todos os bancários.
    Outro ponto: depois da greve, quem volta para as agências e dependências dos bancos, para trabalhar sob ordens de possíveis pelegos somos nós e não os dirigentes sindicais. Desse modo, que voltemos com o que pedimos no começo da greve.

    Não aos acordos de cúpula! Não às ingerências dos dirigentes sindicais sobre assembleias!

    Respeito é o que peço.

    Por José Cristian

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  2. Concordo com o bancario acima. É um absurdo fazermos uma greve e finda la sem uma proposta coerente com a nossa luta e com o absurdo lucro dos bancos. Cadsa vez mais estou apoiando a fala de bancários oposicionistas, vejo que o fato deles terem feito uma chapa com a contec foi o de menos, pois é preciso ter oposição (na época da eleição eu não via desse jeito). Estarei observando o sindicato e a oposição para me posicionar melhor, mas até agora estou convencida que a oposição está certa. Temos que contionuar a luta.
    Julia CEF

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