sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Uma reflexão para bancárias... e bancários

Quem dera o machismo fosse coisa do passado. A realidade mostra que nao: além das mulheres violentadas e assassinadas todos os dias, a desigualdade entre homens e mulheres permanece. Nos bancos, a média salarial da mulher é 23% menor que a do homem - nos bancos públicos, 15%. O Brasil é um dos campeões do mundo nessa diferença salarial - que aumenta quanto maior a escolaridade, segundo o IBGE.

Meu sentimento é o de que temos que nos esforçar mais para sermos reconhecidas no trabalho. E suportamos mais pressão e assédio moral. Ah sim, somos reconhecidas: somos ótimas vendedoras, pois mulher sabe argumentar, falar com "jeitinho". Isso também aparece nas pesquisas, mas os bancos não divulgam. Aí percebo que somos maioria nas equipes de crédito nas agências, nas salas de auto-atendimento, no telemarketing que ficou generalizado. Nos bancos privados, beleza continua selecionando mulheres para as equipes de venda. Como em lojas de shopping

Com família, filhos e casa, a coisa aperta. As mulheres brasileiras realizam em média 26hs semanais de trabalho doméstico, já os homens, 10h (PNAD, 2012). Para a mulher se formar, no banco ou fora, precisa se esforçar muito mais, já que não tem o mesmo tempo livre que os colegas, certo? Muitas vezes não podemos fazer horas extras como o banco pede, ou temos que nos ausentar mais quando um filho está doente. Ha funções em que os gerentes não querem funcionária que tenha filho pequeno. Nas agências, a bancária que sai ou volta da licença maternidade sofre assédio moral (eu ja presenciei isso). Por outro lado, exemplos de que somos bem sucedidas não faltam. Somos muito, mas muito guerreiras. As "super mulheres"! Mas SINAL DE ALERTA: a mulher que dá conta de tudo reflete também a cara nova do machismo: bem sucedidas, boas mães e esposas, magras e impecáveis. E estatisticamente mais doentes, estressadas, deprimidas.

A lógica dos banqueiros, a pressão por metas e produção, nos torna menos solidários com outro. Com tudo, e também com as mulheres. Nossa categoria já foi vanguarda das lutas femininas nacionais e realizou os primeiros encontros de mulheres do movimento sindical, na década de 80. Precisamos retomar essa discussão nos locais de trabalho e nas nossas vidas.

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